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quarta-feira, 16 de novembro de 2011

A importância dos Recursos Energéticos para a configuração da polaridade do Sistema Internacional

Primeiramente gostaria de agradecer ao Will Batista por ter organizado esse blog pra mim em função da minha falta de tempo. Há horas que quero começar a postar meus textos que venho elaborando ao longo destes dois anos de faculdade de Relações Internacionais na ESPM-Sul. 
Para inaugurar o blog escolhi um texto que escrevi no último final de semana para um trabalho da cadeira de Geopolítica. 

Qual o peso que você atribui aos recursos energéticos na configuração da polaridade do sistema internacional? Explique.

Para refletir sobre essa questão basta pensar em todos os conflitos que envolvem ou já envolveram recursos energéticos na história da humanidade. No início dos anos 90, por exemplo, um grupo liderado pelos EUA travou com o Iraque a Guerra do Golfo, desencadeada por causa da invasão e anexação do Kuait pelo Iraque. Foram muitas as mortes, mas restaram poucas dúvidas quanto a real motivação desse conflito, muitos observadores afirmam que o foco era o petróleo, a fonte de energia mais importante do mundo. A repercussão foi tão grande que em manifestações as faixas exibiam frases como "não troquem sangue por óleo". Considera-se que o resultado do conflito foi a vinculação de vários campos como a energia, a economia, a política e a guerra no cenário mundial.
Está certo que a polaridade é definida principalmente pelo poder de influência que os países exercem uns sobre os outros no sistema internacional. Ao longo da história, o sistema internacional teve a oportunidade de vivenciar diferentes tipos de polaridade. Na época dos impérios coloniais o mundo vivia uma fase de multipolaridade, em que os países detentores de grande poder naval eram os Estados pivôs do mundo. Em seguida a Inglaterra cresceu, através de sua indústria avançada, levando o sistema a um período unipolar. Já o contexto de bipolaridade pôde ser constatado durante a Guerra Fria, marcada pelo confronto indireto entre Estados Unidos e URSS, as duas grandes potências do pós-guerra.
Levando em conta o exemplo da Guerra do Golfo, pode-se perceber que já não é possível separar os recursos energéticos do poder. Os dois estão interligados, e conforme as estatísticas os maiores consumidores de energia no mundo são alguns dos países mais desenvolvidos ou com maiores índices de desenvolvimento nos últimos anos. Recursos energéticos são, portanto, fundamentais para o crescimento dos países, pois a eles estão ligados grandes áreas da economia, como indústria e serviços. Cada vez mais raros, as disputas por eles se tornam constantes e sua importância cresce a cada ano.
Faz-se necessário, então, que os Estados Unidos, país hegemônico no sistema unipolar atual, mantenha suas taxas de consumo de recursos energéticos, mantendo sua produção e fazendo funcionar a sua economia, defendendo assim a sua posição perante as outras potências em ascendência. Isso leva o país a utilizar-se de uma política externa extremamente conflituosa, pois a segurança energética é vital para a manutenção de sua liderança internacional e do poder global dos Estados Unidos. Dessa forma, emprega constantemente meios militares para garantir o seu acesso às fontes de energia.
Enfim, o lugar central dos recursos energéticos na economia mundial e a proeminência do petróleo como fonte de energia em nível mundial, conferem a essa commodity um papel decisivo na polaridade do sistema internacional. Por isso que as regiões de grandes reservas, produção e exportação desse combustível são alvo de diversos países que necessitam de grandes quantidades desse recurso. É importante, contudo, ressaltar que o lugar que um país ocupa no sistema internacional não está meramente relacionado a possuir tais recursos, mas sim na capacidade de usá-los, no grau de desenvolvimento do parque industrial, da economia, etc. Novamente, não há como separar esses fatores, que são determinantes para configurar a polaridade do sistema internacional atualmente.

REFERÊNCIAS:
LINES, Hoyêdo Nunes. Geoeconomia e geopolítica dos recursos energéticos na primeira década do século XXI

Espero que tenham gostado e que tenha sido útil para o crescimento de vocês. Semana que vem volto com outro texto.

Abraços,

Gabriela Bristot Boff.

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