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quarta-feira, 18 de abril de 2012

“A Questão da Palestina: Os desdobramentos da Guerra Fria”

O conflito árabe-israelense é um dos mais preocupantes atualmente. Sua dimensão é difícil de ser calculada na medida em que envolve diversos Estados do mundo árabe – além da Palestina – que vem tentando, ao longo dos anos, manter sua identidade, enquanto civilização árabe, por meio, principalmente da rejeição à Israel. Em função disso, manter uma relação pacífica entre esses dois povos se tornou uma das principais questões da agenda internacional atualmente.
Foram várias tentativas fracassadas de impor paz à região, que muitas vezes levaram em conta apenas os interesses e os atores envolvidos. Porém, é necessário analisar fatos históricos que acabaram por influenciar o conflito, deixando resquícios que até hoje são percebíveis. Entre eles, talvez tenha sido a Guerra Fria um dos episódios mais marcantes no histórico da questão palestina. O fornecimento de recursos à ambos os lados do conflito pelos Estados Unidos e a União Soviética acabou por inserir indefinidamente Israel e a Palestina no complexo jogo de xadrez travado pelas duas maiores potências da Guerra Fria. Contudo, no caso da Palestina, o apoio não se limitou aos recursos, uma das maiores influências foi, sem dúvida, a ideológica.
O soviético Conselho Mundial para a Paz (CMP) – ao apoiar a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) de Yasser Arafat – forçou uma interpretação mais marxista das relações internacionais. Mesmo após a queda da URSS, a Palestina continua sendo uma bandeira dos ideais de esquerda, mantendo interesses como a preservação de seu Estado, cultura e modo de vida. Palestinos mais extremistas caracterizam o conflito como regional, resultado de um conflito global, impedindo assim a tolerância entre as partes.
Após o fim da Guerra Fria o Iraque se tornou neutro, as tensões internacionais diminuíram e a pressão dos EUA contra o radicalismo de Israel cresceu. Isso abriu portas para a resolução diplomática do conflito e a confrontação constante foi trocada pela negociação. Uma conseqüência imediata foi a assinatura, em 1993, do Acordo de Oslo I, que representava o reconhecimento mútuo tanto do Estado de Israel pela OLP quanto a aceitação da OLP como legítima representante do povo palestino por Israel.
Apesar de o Oslo I ter representado um avanço, a chegada ao poder, em 1996, do Partido Likud (conservador) em Israel significou um congelamento do processo de paz. O fanatismo religioso, preconceito e ódio ainda representam obstáculos. Alguns fatos marcantes como o assassinato de Yitzhah Rabin em 1995, o ressurgimento dos atos terroristas palestinos e os ataques de Israel a civis demonstram que ainda há muito a ser feito para alcançar a paz no Oriente Médio. 
Enfim, levando em conta a interferência ideológica à que até hoje estão submetidos israelenses e, principalmente, palestinos, para a resolução desse conflito seria fundamental que as partes primeiramente se libertassem de parte de suas bases ideológicas que são tão sólidas. A partir disso, deixando para trás os resquícios da Guerra Fria, se tornaria mais viável resolver o conflito com base nas verdadeiras necessidades, que vão muito além daquelas políticas ou de status quo

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